quinta-feira, abril 30, 2009

"Isto é uma vergonha"

MÓNICA SANTOS

As novas penalizações propostas pela Liga para os clubes com salários em atraso, que serão votadas em Assembleia Geral, na segunda-feira, não convencem o presidente do Sindicato dos Jogadores. Na Trofa, sede de um clube "exemplar" neste capítulo, Joaquim Evangelista disse sentir-se "enganado" pelo homólogo Hermínio Loureiro e apelou à "intervenção do Estado" no futebol.

O presidente da Liga foi o alvo de todas críticas de Evangelista. "Pelos jogadores nada fez, até a data. Nunca o vi, numa situação de crise, ao lado deles. Portou-se muito mal", acusou, numa alusão à proposta que, não duvida, "vai passar", porque "é mais grave" do que a regra actualmente em vigor. "Uma vergonha, escancara as portas aos não cumpridores, inaceitável", eis alguns dos rótulos escolhidos: "Hermínio Loureiro não honrou os compromissos. Sinto-me enganado. Várias vezes me fez promessas que não cumpriu".

Evangelista não acredita na solução da Liga para que, na próxima época, os clubes que tenham "mais de três meses" de salários em atraso e que não regularizem a situação "no prazo de 30 dias a contar da notificação expressa para o efeito" sejam penalizadas com perda de pontos, a menos que apresentem um acordo com os credores, por considerar que os prazos beneficiam aqueles que "não pagam durante toda a época" e, no final, "por artes mágicas" regularizam tudo: "Isso é que ofende os clubes sérios". "A perda de pontos tem de ser efectuada durante o campeonato", insistiu, voltando sempre ao mesmo culpado: "É esta política de moral que Hermínio Loureiro quer? Frontalidade é nestes momentos, não é para assinar protocolos com cervejeiras". "O Sindicato tem ajudado os clubes", contou. Cedeu aos pedidos de "contenção nas intervenções", sentido-se "enganado". Apelou, por isso, aos "três grandes" para decidirem o destino a dar a este presidente da Liga: "Têm de ajudar Hermínio Loureiro ou dizer-lhe para se dedicar à política e deixar o futebol para quem quer tratar do futebol a sério". Ainda assim, foi aos políticos que deixou um úl timo apelo, de que se lembrou já depois de ter cedido os microfones ao presidente do Trofense: "Impõe-se que seja o Governo, pela via legislativa, a resolver esta questão. A Liga não vai ser capaz, porque os clubes incumpridores são o patronato".

Hermínio Loureiro não reagiu às declarações. À agência LUSA, Andreia Couto, directora executiva da Liga, condenou a "linguagem de arremesso", contrapôs que "as alterações regulamentares visam produzir efeito no decurso da época", e concluiu que Evangelista "não tem conhecimento nem estudou a matéria".

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