segunda-feira, fevereiro 13, 2012

ARTIGO DE OPINIAO

 
CLUBE FUTEBOL BENFICA EM DEFESA DA II E III DIVISÕES A NOSSA POSIÇÃO SOBRE A PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DOS QUADROS COMPETITIVOS Desde 1999 que se vinha debatendo a questão dos Quadros Competitivos, tendo em vista nada mais nada menos que emagrecer o futebol, como muitas vezes se ouviu dizer. O jornal Record em Janeiro/Fevereiro de 2000 convidou duas dezenas de personalidades, para se pronunciarem através de artigos de opinião, sobre a redução dos Quadros Competitivos. Pessoas ligadas directamente ao futebol (treinadores, jogadores, dirigentes) opinaram que o problema do futebol português não passava pela Redução dos Quadros Competitivos; os outros, embora adeptos do futebol, desconhecendo por completo os meandros e as incidências que este tem em si mesmo, opinaram de forma contrária, isto é, a favor da redução. Infelizmente, a célebre Assembleia Geral da FPF, realizada no dia 30 de Junho de 2007, criar os actuais Quadros Competitivos. Reduzindo os Quadros, criaram-se os playoffs para que os campeonatos não terminassem em Março. Esta medida não veio beneficiar nem dignificar o futebol e não trouxe mais receitas para os clubes conforme fora anunciado, como também não trouxe mais espectadores, não alcançando os objectivos propostos. Esta retrospectiva, demonstra um processo em desenvolvimento que parece destinar-se reduzir a influência do futebol amador no contexto nacional, confirmado agora com o projecto apresentado pela Federação Portuguesa de Futebol. E mais importante, a proposta que nos é apresentada pela Federação foi votada em reunião de clubes promovida pela anterior Direcção, nas instalações da Associação de Futebol de Lisboa, a qual mereceu o voto contra dos clubes presentes. É notória, a desvinculação da FPF do futebol nacional, pois passa, efectivamente, a ter à sua responsabilidade, em termos de futebol de 11, SÉNIOR, o campeonato nacional da II divisão, para além da Taça de Portugal. Isto é, neste âmbito, a Federação Portuguesa de Futebol, tem presentemente a responsabilidade na organização do campeonato nacional da II e III divisão que envolve consequentemente 120 clubes. A FPF deixa, portanto, de acordo com a presente proposta, de ter sob a sua égide a organização do campeonato nacional da III divisão, ficando apenas com 80 clubes. Constitui uma evidente redução do pesodo futebol de segunda linha, ou o dito futebol amador, do plano futebolístico nacional. Contra isto, como é óbvio, o Clube Futebol Benfica vota contra. O voto contra, não é uma mera e injustificada opinião. Não! É acima de tudo defender o futebol português, porque é nosso entendimento que há factores de organização e de envolvência a nível nacional que merecem uma ampla reflexão e o maior número de contributos. Pela nossa parte, destacamos, de entre outros factores de organização do futebol português, os seguintes: - Fomento do Futebol, Jogadores, Treinadores e Arbitragem Assim, não se pode falar em FOMENTO DO FUTEBOL, quando se quer acabar com uma divisão que constitui a base da pirâmide do futebol nacional. A importância da III Divisão Nacional manifesta-se em dois vectores. O primeiro que tem a ver com uma fase de transição entre o mais puro amadorismo e uma competição mais exigente, criando assim dinâmicas a clubes mais ambiciosos que porventura tenham como objectivo alcandorarem-se a patamares superiores. O segundo é, sem qualquer dúvida, a MOTIVAÇÃO gerada pelo interesse que provoca nas populações ou nas massas associativas ver o seu clube disputar uma prova nacional. A abrangência em termos territoriais da III Divisão Nacional é por demais evidente que constitui um factor de interesse nacional, pois só esta Divisão leva o futebol a todos os cantos do País, em termos nacionais. O fomento, seja do que for, passa pela ampla participação e não pela redução dos intervenientes nas actividades. O modelo agora proposto, não tem nada de novo, é uma fotocópia do passado, do que existiu na década de 40. Quem idealizou esta proposta não deve ter pensado muito, copiou o que se fazia há 70 anos atrás. Estes campeonatos da II e III Divisões nunca mereceram a atenção devida pelas estruturas representativas da modalidade e criaram-se os famigerados playoffs; e hoje estamos perante uma nova alteração que não vem resolver nada, mas pode representar mais uma demonstração do desprezo que as estruturas têm por estes campeonatos; sendo assim, está agora em cima da mesa mais uma machadada nestes campeonatos e portanto está em causa o fomento do futebol. Já hoje e com esta proposta de alteração verifica-se que o actual modelo não serve, pois é mais que evidente que o que está a ser proposto ainda menos serve e revela, repitimos, que nada está a ser feito em prol do fomento do futebol. p Dos JOGADORES, é que evidente que vai decrescer a expectativa de qualquer jovem quanto ao seu futuro como futebolista. Há muitos que pensarão que para jogar no Regional toda a vida, será a mesma coisa que jogar no INATEL ou jogar ocasionalmente pode dar o mesmo prazer que estar a jogar eternamente no Regional. Não se trata aqui de valores económicos, porém, havendo um outro grau mais qualificado toda a gente sabe que se trata de uma maior motivação para o praticante, só desconhece isto quem está fora do futebol . Dos TREINADORES, diremos a mesma coisa, pois estes sectores de actividade estão interligados e neste aspecto serão afectados com esta alteração. Sabe-se também que muitos treinadores que estão hoje no futebol profissional fizeram carreira no futebol amador, "beberam" neste os primeiros conhecimentos, projectaram-se e hoje navegam por essas águas bem mais importantes, até a nivel internacional, constituindo bons exemplos no estrangeiro do nosso valor. É nossa convicção que a ARBITRAGEM perde com esta alteração na medida em que havendo menos jogos., por força da extinção da III divisão, há, obviamente, menos possibilidades de acesso a quadros nacionais destes agentes do futebol, constituindo por isso um factor determinante paro o abandono, ou seja, a carreira passa a ser muito limitada e naturalmente pouco motivadora para a progressão na mesma. Tamés Também se poderá analisar esta questão, relativamente aos clubes. O facto da promoção, para os que forem promovidos, entrarem numa divisão nacional já com outro peso e estrutura, trás naturalmente outro tipo de problemas. Passar do Regional para uma divisão muito superior, cuja a mesma dá de seguida acesso a uma divisão profissional não está em consonância com o desenvolvimento que se pretende para o futebol nacional. Posto isto, não temos duvidas, em afirmar que o melhor sistema ou o melhor Quadro Competitivo, atendendo à nossa realidade económica/social e desportiva, experimentado desde a década de 60 até hoje, foi sem dúvida, o que vigorou até aquela Assembleia Geral da FPF a qual criou este modelo agora em vigor. Os playoffs não trouxeram verdade desportiva nem maior competividade, antes pelo contrário, na maior dos casos trouxeram-nos foi injustiças. O futebol é uma competição de regularidade e a regularidade só pode ser definida não em meia duzia de jogos, mas em competição alargada; por estas razões, por tudo o que para trás está escrito e porque já no passado defendemos o modelo anterior, a nossa proposta é que se regresse ao passado, com uma única excepção no que respeita hà II Divisão, como parece estar enquadrada na proposta da FPF e sejam promovidos os vencedores de série. Voltarmos a ter o Campeonato Nacional da III Divisão, as 6 séries do Continente, com 16 clubes eliminando os playoffs, é a medida mais sensata e que melhor defende o futebol e todos os agentes nele envolvidos e, não esquecendo também, o fomento do mesmo, pois o contrário disto é andar para trás em termos de desenvolvimento desportivo. Ao longo dos anos, com sacrificios, com ajudas, enfim ... os clubes desenvolveram-se , criaram-se melhores condições e portanto seria quase um crime fazer tudo isto recuar. Para terminar deixava aqui um trecho retirado de um artigo escrito por Homero Serpa, no jornal a Bola, quando em 1999/2000 se discutia a "redução dos campeonatos": " Ao contrário de procurarmos um jet-set para o futebol, que teria, na verdade, a dimensão ridicula de qualquer jet-set nacional, deveriamos imaginar soluções para a expansão do grande jogo por todo o território, isso, sim, seria do interesse desportivo dos portugueses"

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