sexta-feira, julho 15, 2011

ABORTO JURIDICO

SEM MEDO DAS PALAVRAS PORQUE TEMOS RAZÃO


Exmº. Senhor Presidente do Conselho Jurisdicional da Associação de Futebol de Lisboa

Dr. José Pestana,

Tenho muitos anos de futebol, não sendo esta a minha profissão, tenho-me dedicado à causa do meu Clube como poucos profissionais não se entregam às suas tarefas profissionais.

Conheço muita coisa ligada ao futebol, os processos mais diabólicos que jamais pensaria que pudessem existir, antes de me dedicar com paixão a esta actividade na qual  me insiro há mais de quarenta anos, após a minha vinda da Guerra Colonial e depois de encerrar a minha carreira desportiva.
 Este processo a que o senhor agora presidiu é um daqueles que vai ficar para sempre registado na minha memória, como um processo escandaloso e ficará nos anais do futebol português porque tudo farei para levar onde for preciso o conhecimento desta e a decisão do Conselho de Disciplina.

Tenho a certeza que se isto envolvesse um dos clubes grandes que não seria assim resolvido. Seria resolvido com verdade e com justiça. Qualquer dos órgãos da AFL, Conselho de Disciplina e Conselho Jurisdicional, enveredou pelo caminho da mentira com nítido favorecimento a uma das partes. Podem-me castigar, podem-me levar a Tribunal, mas a minha postura será sempre esta, a da dignidade, não conheço outra postura, por isso indigna-me sobremaneira esta decisão que bem trabalhada ela foi … 
Não me cansarei de denunciar uma das maiores injustiças que já se cometeu no futebol em Portugal. Se todo este processo fosse dirigido ou apreciado por iletrados eu aceitaria como normal, diria que eram pessoas de baixa moral, sem princípios, sem respeito pelos outros. Vocês abusaram de nós, não tiveram o mínimo de respeito nem de consideração pela verdade, eu permito-me respeitá-los tal como  respeitaram  este Clube, por isso estou aqui a escrever sem evitar palavras por mais contundentes que elas sejam.

Quando me provarem quem são os elementos do Alta de Lisboa que invadiram o campo, peço-lhes perdão e levem-me a Tribunal, enquanto não o fizerem estou habilitado a chamar-lhes mentirosos. Mentiram ao inventarem uma invasão que não existiu, a prova está por fazer.

Vocês advogados do Conselho de Disciplina e Jurisdicional jamais serão os donos da verdade, por isso não podem dizer que houve invasão, até porque nada prova isso, antes pelo contrário, o relatório do árbitro, esse sim é neutro, não fala em invasão. Mais: Na audição se leu bem, senhor Presidente, ou se se  deu  ao trabalho desse efeito,  o senhor leu que faltava um minuto para acabar o jogo.  O senhor porventura, usou a inteligência? Então que invasão foi essa que o árbitro,  principal responsável do jogo, aquele que eventualmente mais podia sofrer as consequências da mesma, quis continuar  o jogo  e é a força policial que diz não ter condições para segurar um minuto de jogo,  não acha isto estranho ? A  atitude da GNR não   prestigia a Instituição, bem como não se prestigia quem decidiu desta forma leviana que quis acreditar numa invasão, em que nem as fotografias conseguem demonstrar? 

Sinceramente, perante os factos conhecidos e que vêm nos relatórios ainda pensámos que seria feita justiça, infelizmente enganamo-nos e fomos enganados.

Não senhor Presidente, não houve invasão, jogadores não são invasores. A GNR é quem o diz na audição, ou seja, ao meter as mãos pelos pés afirma que identificou dois elementos :
 “… a invasão do terreno de jogo por parte de três adeptos do Alta de Lisboa dos quais um deles nunca chegou a ser identificado ao contrário dos outros dois que o foram e cujos sinais constam do relatório policial que elaboraram” .

Ou seja, a GNR quis ser a tábua de salvação do Clube da casa, mas ajudou a clarificar a
Situação, pois as pessoas identificadas são jogadores do Alta de Lisboa. O senhor não consegue definir entre invasores e jogadores? Então se consegue porque razão considerou este depoimento da GNR que disse em primeira mão que:
 “Não foi possível identificar os possíveis autores das agressões ou espectadores que invadiram rectângulo de jogo, pelo facto de não existirem as condições de segurança para o efeito.”

Então passados quinze dias, aquando da audição, o Cabo da GNR aí já sabia que os alegados invasores eram do Alta!? Estranho, não acha senhor Presidente?
 Os senhores serviram-se  de uma invasão que nunca houve, conforme demonstração da própria GNR para penalizar este Clube. É disso mesmo que se trata senhor Presidente do Conselho Jurisdicional.

Não estivesse em discussão uma subida de divisão e naturalmente esta questão teria sido resolvida de acordo com os regulamentos. E aqui, não posso deixar de perguntar, onde é que está a moral quando se penaliza o meu Clube numa situação perfeitamente igual, Linda-a-Velha-Futebol Benfica,  com a agravante que o  árbitro desse jogo não se coíbe de afirmar no relatório do mesmo:
“Igualmente alguns elementos do público ,  que se encontravam na bancada central, afectos à equipa visitada, vieram juntar-se aos grupos que tomavam parte nos mencionados incidentes”

Ora, aqui o nosso magnânimo Conselho de Disciplina não teve dúvidas penalizou os dois clubes com uma derrota a cada um. Aqui funcionou o facto dos jogadores terem-se envolvidos uns com os outros, então o que é que aconteceu em Pero Pinheiro?.

Em Pero Pinheiro usou-se um álibi. Usou-se a esperteza saloia.  Pôs-se de parte as agressões, conforme  o relatório policial e do árbitro e levantou-se um segundo processo ao Alta de Lisboa. Isto é desonestidade e revelador da intenção de entregar 3 pontos ao Pero Pinheiro para vencer o Campeonato. É vergonhoso, é indecente e só pode acontecer em Países do 3º Mundo. 


Se o senhor leu o Relatório da Policia (o relatório de jogo) a GNR não afirma em lado algum que os alegados invasores eram do Alta de Lisboa. Diz isso sim que “Não foi possível identificar os possíveis autores das agressões ou espectadores que invadiram o rectângulo jogo, pelo facto de não existirem as condições de segurança para esse efeito”.
Mas diz ainda nesse relatório o seguinte:
  “19-03-Quando decorria os descontos do jogo, mais concretamente aos 48 minutos da 2ª parte, ocorreu uma dupla advertência por parte do árbitro ao jogador nº 8 do Pero Pinheiro. Acto contínuo o jogador nº 22 da equipa do Pero Pinheiro agrediu o jogador nº 10 da equipa do Alta de Lisboa, facto que despoletou no envolvimento de todos os jogadores de ambas equipas em agressões mútuas, verificando-se que os técnico e jogadores do banco de suplentes entraram também no rectângulo do jogo, e nesse momento houve invasão de campo por parte de alguns espectadores………………………

Face ao exposto a Força Policial interveio, para garantir a segurança da equipa de arbitragem e pôr fim às agressões ……………………………………………………………………………

Porém, como os jogadores não acatavam a ordem, a Força Policial presente teve necessidade de usar a força estritamente necessária para pôr termo à desordem…….”

Então senhor Presidente quer maior clareza do que esta? Afinal quem prevaricou?

Mas há mais senhor Presidente, as fotografias não demonstram invasão, demonstram escaramuças entre os intervenientes do jogo, jogadores, directores e treinadores. É uma vergonha para quem faz da advocacia a sua profissão, mistificar desta maneira. Falo com razão, porque isto dói, ao saber que aqui há um sinal claro de injustiça.
A GNR diz que houve uma invasão por parte de alguns espectadores, mas de quem eram? E houve? Mais ainda o  relatório da Força Policial é explicito  onde diz “Acto continuo o jogador nº22 da equipa do Pero Pinheiro agrediu o jogador nº 10 da equipa do Alta de Lisboa, facto que despoletou no envolvimento de todos os jogadores de ambas equipas em agressões mútuas, verificando-se que os técnicos e jogadores do banco de suplentes entraram também no rectângulo do jogo, e nesse momento houve invasão de campo por parte de alguns espectadores.”

Vergonhoso! Vergonhoso! Vergonhoso!

 Que moral é ou foi esta do Conselho de Disciplina e que você e os seus pares seguiram? Querem que haja consideração e respeito, então respeitem-nos. Não o fizeram, por isso também não os respeitamos estamos no nosso direito.  Aquilo que se exige é dignidade, mas essa parece-nos estar afastada dos vossos objectivos, senão não era preciso pedir para se demitirem. Depois desta sujeira não há outro caminho. 

Diga-se em abono da verdade, se é que ela ainda constitui um pretexto para que a dignidade seja evidenciada que a força policial não aponta ninguém como sendo do Alta de Lisboa.

Mas em abono da verdade , também,  leia-se agora o relatório do árbitro.

Vejamos:
“Aos 48 minutos da segunda parte, após ter sido assinalada uma falta contra a equipa A os jogadores de ambas as equipas envolveram-se mutuamente em agressões físicas  tentando o árbitro e os seus assistentes separar pacificamente os confrontos existentes entre os jogadores no entanto não conseguiram.
A força policial entrou de imediato dentro do terreno de jogo, de modo a terminar as agressões entre os jogadores identificados no campo respectivo deste relatório.
Enquanto os jogadores se agrediam houve invasão de campo dos jogadores suplentes de ambas equipas sendo que o jogador nº 20 correu à volta do campo enquanto a força policial tentava agarrar de forma a não criar outros incidentes.
Perante estes factos e após consultar a força policial ficou entendido pela força policial que não existiam condições de segurança para terminar o jogo, tendo os capitães e os Delegados sido avisados disso mesmo.”

E aqui se prova também que o árbitro não faz nenhuma alusão a invasão de campo por parte de elementos do Alta de Lisboa,  o que o árbitro diz é que: “Enquanto os jogadores se agrediam houve invasão de campo dos jogadores suplentes de ambas equipas sendo que o jogador 20 correu à volta do campo enquanto a força policial tentava agarrar por forma a não criar outros incidentes.”

E assim se prova mais uma vez que ninguém do Alta de Lisboa invadiu o campo e que as agressões foram entre jogadores.

No Conselho Jurisdicional tínhamos toda a confiança. Julgávamos serem pessoas de bem, infelizmente foram iguais aos outros. É caso para dizer entre uns e outros o diabo que os escolha. Para entregar o ouro ao bandido qualquer um serve.

Um  dos advogados que consultámos considerou a decisão do Conselho de Disciplina como   ABSURDO JURIDICO eu sem ser advogado de formação digo que é um ABORTO JURIDICOmas intencional.

Quem se presta a um serviço destes não devia ganhar o pão como advogado, numa situação que tem que mostrar neutralidade e isenção. Não foi o caso. Só há um caminho é a  demissão.

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