quarta-feira, fevereiro 09, 2011

ARTIGO DE OPINIAO



FUTEBOL FORMAÇÃO - II




PIERRE COUBERTIN

Criador dos Jogos Olimpicos da Era Moderna



Tem algum cabimento trazer para aqui a memória deste homem, porque todo o interesse que ele veio a manifestar pelo desporto foi obtido através da sua vivência como professor tendo acreditado que o desporto seria um aspecto importante no desenvolvimento dos jovens.
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Os tempos obviamente são outros, mas é sempre bom pensar que houve quem antes de nós já manifestasse interesse por matéria tão importante quanto o desporto para o desenvolvimento, quer físico quer intelectual para os jovens.

Por isso esta discussão sobre o futebol formação é aliciante e ao mesmo tempo bastante controversa. Há diferentes pontos de vista sobre esta temática já que os interesses em presença são também diversos. No outro dia manifestei-me baseado no aspecto económico e hoje dedico a minha atenção e experiência ao interesse desportivo.

INTERESSE DESPORTIVO - A abordagem à Formação, por quem a faz, resulta sempre num vector primordial qué é afinal de contas "criar" jogadores para a sua equipa de séniores, neste caso obviamente aqueles que têm essas equipas. Não tem mal nenhum esta estratégia que a maior parte dos clubes seguem.

O FUTEBOL JUVENIL ou se quiserem o FUTEBOL FORMAÇÃO é de facto um "alimentador" nato do futebol sénior. É importante para o desenvolvimento dos seus praticantes em vários quadrantes quer sociais, quer disciplinares, quer como educação para trabalhar em grupo situação que mais tarde vem a acontecer com a grande maioria destes jovens que naturalmente vão ter que optar por uma profissão se não atingirem o profissionalismo como atleta de futebol. São portanto vastos os benefícios resultantes da prática desportiva.
Se me disserem que aqueles ditames estão na essência da prática desportiva, eu direi que tenho dúvidas. Acredito que esta, por força da conjugação de vários aspectos que tèm implicação no desporto, sobretudo nas modalidades colectivas, têm de facto importância determinante, isso sim, é indesmentível.

Com frequência, costuma-se dizer que primeiro o homem, depois o atleta. Na maior parte dos casos isto não corresponde à verdade. É evidente que a junção destes dois factores é compativel, mas também é verdade que em primeiro lugar está o atleta e depois sim a procura da compatibilização de fazer do atleta um homem sadio, um homem de valores.

Infelizmente, as causas, os valores, pelas quais PIERRE COUBERTIN lutou estão desvanecidas no tempo que vivemos. Hoje, os atleta e os pais, alimentam-se muito da perspectiva daquilo que o atleta possa vir a ser no futuro, prevendo sempre erradamente que este é o melhor de todos do grupo ao qual pertence. Excepcionalmente há quem não pense assim, porque tem a lucidez e clarividência suficiente para perceber que os bons, surgem de vez em quando e ainda por cima é preciso contar também com o factor sorte que como em tudo na vida é fundamental.

Não quero, nem é essa a intenção, pensar que não deve existir interesse desportivo, pois claro que um atleta que se preze procura a todo o momento superar-se porque se assim não for não pode ser tratado como atleta e citando PIERRE COUBERTIN "O importante na vida não é chegarmos ao triunfo, mas sim o combate que travamos para lá chegar". Esta frase de Coubertin faz todo o sentido e está actual.
A vida é feita de combates para atingirmos os fins a que nos propomos e o desporto ensina-nos isso como nenhuma outra actividade. Quando um treinador está a falar para uma equipa está a traçar uma estratégia para vencer quem tem pela frente, mas pronuncia-se de uma forma correcta e normalmente incute sentimentos de valorização aos seus pupilos na tentativa de contornar o adversário que se lhes opõe. Valoriza os seus, transmite-lhes disciplina e tenta através disso superiorizar-se desportivamente. Mas a competição não é só vencer, também existe a derrota e o verdadeiro desportista tem que estar preparado para isso, eis a razão porque o desporto de formação é fundamental no desenvolvimento do jovem.

Infelizmente a sociedade tem vindo a transformar-se de forma acelerada e o futebol de formação também tem sofrido com regulamentos que em nome da liberdade para o atleta têm retirado direitos aos clubes em beneficio dos mais poderosos, dos empresários, enfim, havendo sempre por detrás de uma nova regra uma justificação que quem está por fora apoia incondicionalmente. Os exemplos são vários e seria fastidioso enumerá-los aqui.

A propalada intenção sempre em cima da mesa, sobre a alteração dos campeonatos, dizem "eles" com o fito de tornar as competições mais competitivas. Traduzido à letra quer dizer que se pretende um campeonato elitista, destinado aos melhores, que são aqueles previamente escolhidos, desfalcando dessa forma clubes que com dedicação e sacrifício vão mantendo as suas equipas, desde as escolas aos juniores. Naturalmente que assim não pode haver competitividade.

Não é correcto também, clubes, pela sua capacidade económica, terem 3 e 4 equipas em competição na mesma categoria. Isto é importante que se diga e que se analise. Admito duas equipas por categoria, mais do que isso é retirar jogadores a outros que naturalmente dariam mais estofo às suas equipas e isto acontece porque os miúdos e os pais são iludidos pela ambição ao pensarem que jogarem na equipa C ou D, por exemplo do Benfica ou do Sporting, que amanhã serão jogadores séniores desses clubes. Pura ilusão. Aqueles com futuro estão na principal equipa e portanto trata-se de uma mistificação pura e simples dizerem que são atletas destes clubes quando na verdade sabe-se que no fim das épocas e à medida que o funil aperta vão saindo. Os campeonatos tornar-se-iam mais equilibrados se estes miúdos se espalhassem pelos outros clubes, mas a tal ambição, desmedida, sem uma análise correcta dos seus progenitores também, leva a situações de frustrações a estes miúdos que ao domingo "pensam-se" já craques e com futuro risonho à sua frente e acabam desiludidos. Este sim é um problema e grave do futebol de formação e era para aqui que devíamos apontar as baterias. A  formação desportiva, como aqui deixo reflectida, é importante no desenvolvimento dos jovens e estes não deviam viver desilusões e traumas.  E se é verdade que o desporto e sobretudo o futebol é importante no desenvolvimento do jovem também é verdade que existem alguns problemas, que são mal tratados quando se tem  apenas e só como perspectiva o jogador e interesses associados e o homem fica para segundo plano.

PARA TERMINAR DEIXO MAIS UMA CITAÇÃO DE PIERRE COUBERTIN
"Que a Tocha Olímpica siga o seu curso através dos tempos para o bem da humanidade cada vez mais ardente, corajosa e pura."

Será este o caminho que temos vindo a seguir ?





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